Você pertence à cadeia produtiva?
Nos dias de hoje, como é possível entender a antiga expressão "o trabalho dignifica o homem", se enquanto por um lado ser digno significa ser merecedor das benesses do viver, por outro, de tanto trabalhar, muitas pessoas simplesmente deixam o desfrutar da vida para depois; ainda por cima creditando a essa atitude o status de normal.
A infeliz verdade é que ultimamente tanto de homens como mulheres, no afã de garantir um futuro seguro e sereno, deixa de cuidar do presente, direcionando seus assuntos e interesses sempre para as questões da lida profissional e não para o exercício de lidar com as relações interpessoais. Fala-se muito, ou somente, a respeito das próprias funções produtivas e quase nada sobre "coisinhas agradáveis" resgatadas de velhas ou novas histórias e lendas familiares ou de velhos amigos.
Parece até que o orgulho de sentir-se membro importante dessa grande colméia, reconhecendo-se como peça, mesmo que pequena, da imensa cadeia produtiva é o que sempre irá nos proporcionar a sensação de bem estar. O bem estar de uma ferramenta que descobre a própria utilidade.
Sem dúvidas temos que ser funcionais. Ferramentas úteis ao meio que compartilhamos. Médicos, professores, agricultores e cozinheiros, cada um a sua maneira é parte fundamental para que toda essa engrenagem que permite ao ser humano aprender e intervir nesse mundo funcione. Mundo esse que viabiliza oportunidades de nos envolver com as mais diferentes e inusitadas expressões humanas. Fontes essenciais de troca, aprendizagem e crescimento.
Porém, ser funcional é algo que só se justifica nos momentos em que nosso trabalho realmente se faz necessário; e isso, com certeza, não ocorre a toda hora, por mais que nos classifiquemos como sempre indispensáveis.
A questão é: já que fazemos parte dessa cadeia produtiva, será que somos os carcereiros ou os prisioneiros?
O carcereiro trabalha e se envolve, mas não mora na cadeia. É lá que ele ganha o tal do "suado pão de cada dia", para utilizá-lo do lado de fora, ao lado das pessoas que ama ou na construção de seus sonhos.
Já o prisioneiro...
Prisioneiro é aquele que passa os dias pensando em como se livrar da situação que vive, porém cada dia mais acostumado e adaptado à mesma. Até quando experimenta uma liberdade temporária mantém os assuntos de cela.
Sinto que nessa nossa condição de pobres mortais, sedentos de eternidade, aliada a um capitalismo globalizado, ou nos decidimos a brecar tudo para então nos atirar na tão falada qualidade de vida, ou vamos acabar com a horrenda sentença de prisão perpétua; e o que é pior: decretada por nós mesmos.
Você pode até se aprisionar, mas mantenha sempre as chaves da cela em lugar conhecido e bem próximo.
Como escreveu Salomão em Eclesiastes (1:14-15) "...atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito. Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular...", ou em outras palavras: "menos, vai devagar, respeito teu tempo e para de tanto correr atrás e tentar agarrar o vento".
Guilherme Davoli
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abraços Hernane Freitas